"Eu me considero um crítico de comportamento", avalia Sikêra Júnior em entrevista ao “No Alvo”

(Foto: Divulgação/SBT)

Filho da terra dos poetas, trocou os versos pela prosa popularista. Seus críticos dizem que confunde liberdade de expressão com liberdade de agressão. Plantou xingamentos em rede nacional e colheu processos de norte a sul do país. Amigo de negacionistas da vacina, só acreditou na gravidade do coronavírus quando aconteceu com ele. Atacou minorias, se excedeu contra concorrentes e acabou demitido enquanto estava na UTI. Veremos se esse jornalista que já apagou a própria língua, hoje solta o verbo e suas verdades. José Siqueira Barros Júnior, vulgo Sikêra Júnior,  ao se sentou na cadeira, e ficou no “No Alvo” nesta última segunda-feira, 8 de setembro.

A atração marcou boa audiência na Grande São Paulo e garantiu a vice-liderança, registrando 70% mais audiência que a concorrente. Exibida das 23h20 à 0h15, a produção alcançou 3,9 pontos de média, 9,9% de share e 5,7 pontos de pico.

Confira alguns trechos, em formato pingue-pongue, do episódio de “No Alvo” com Sikêra Júnior:

Foto: Divulgação SBT

O que exatamente se passa na sua cabeça ao chamar pessoas LGBTQIA+ de “raça desgraçada”? É revolta? É provocação? Ou é pura convicção?

Nada. Eu acredito que foi um momento, um momento de despreparação por não ser um bom jornalista, por não ser jornalista. Foi despreparação da minha parte. Hoje eu não diria isso jamais. Eu tenho muitos amigos gays, lésbicas, simpatizantes, suspeitos. Frequentam a minha casa, trabalham comigo. A maioria do pessoal que trabalha comigo na televisão lá são gays. Temos o maior respeito pelo outro, pelo respeito pela minha família. Eu tenho um filho de sete anos que convive no meio deles.

 

Ao associar homossexualidade a pedofilia e drogas, você acredita mesmo estar prestando algum serviço público?

Nunca fiz isso. Nunca fiz isso. Associar? Nunca associei. Pedofilia é a minha briga. Pedofilia é a minha briga. Quem leva uma criança pra cama, quem leva uma criança pra cama de 13 anos, de 14, de 10 anos, pra mim é um pedófilo, pra mim é um taradão, pra mim é um estuprador. Todo dia eu denuncio no meu programa lá. Basta quem quiser perder tempo e olhar no YouTube e ver as postagens que eu faço, lá eu tenho uma aulinha do Vovô Sikêra. Eu o batizei de aula do Vovô Sikêra, onde eu pego duas artes, um menino e uma menina, e pergunto: “pode tocar aqui?” Aí o meu elenco: “não”, “pode tocar aqui?”. “Não”. Eu vivo ensinando isso todos os dias. Nunca vinculei, nunca. Pedofilia é uma coisa. Não vamos misturar, não. Sou contra, totalmente contra. Eu torço que o pedófilo queime no fogo do inferno, que arde no lago de fogo, eu quero que ele queime. E, lamentavelmente, nesse país, lamentavelmente, nesse país, o pedófilo, se ele for famoso, se ele tiver uma turma boa, ele é protegido, homenageado, ele recebe um escudo de proteção? Entendeu como é que é? “Não. Gente, ele merece, ela merece todo o carinho do mundo. Ah, vamos proteger”. Porque é gente rica, gente famosa, que isenta de muito problema. Só que a internet não perdoa. As pessoas não perdoam, não esquecem do que elas fizeram no passado, entendeu? Então, quem leva a criança pra cama, quem leva uma criança pra cama nu, nua, é pedófilo. Eu não vamos confundir as coisas, não.

Na sua visão, onde termina a liberdade de expressão e onde começa o discurso de ódio? O senhor já se fez essa pergunta de verdade?

Eu não. Eu não. É igual perguntar ao, Leo Lins, qual o limite do humor? Qual o limite do humor? Pergunta pro Danilo Gentili, qual o limite do humor? Pergunta. Gente, crítica é uma coisa. Eu tenho o direito de fazer essa crítica. Eu me considero um crítico de comportamento. E outra, quando eu chego pra pegar no pé dessa meninada maluca que está aí, essa geração cristal, quando eu pego no pé deles, dizendo assim: “ó, se tu fumar maconha, tu vai morrer. Se tu fumar maconha, tu vai morrer. Tu vai ficar devendo traficante, tu não vai conseguir pagar, tu vai começar a vender o teu corpo e depois vai começar a roubar. Vendendo o que tem dentro de casa e tal”. A minha bandeira é essa, sabe? É convencer o garotão que sai dessa enquanto é mesmo. Porque eu registro todos os dias, sabe? No sul e sudeste do país, aqui, que vocês moram, há uma certa delicadeza para contar as histórias. Lá no norte e nordeste não. A gente é muito na cara, na cara dura. Até porque a linguagem deles é essa. A linguagem do meu público, ela tem que ser mais dura. É feito, eu digo: “Ei, chegou dia 5, né? 5 do mês aí, tá esperando a aposentadoria do avô ou da avó, né? Pra gastar. Já sei, vai pegar iPhone pra não financiar pra esses anos aí. Ei, tá só esperando. Começou a fazer carinho no vovô, né? Começou a fazer carinho no papai e na mamãe, porque dia 5 tá chegando, deu ele a aposentadoria, né?” Ah, quem não gosta? Problema. Agora, eu dou o recado que o velhinho gosta. O velhinho aumenta o volume, sabe? O idoso aumenta o volume e faz: “é mesmo. Meu filho só lembra de mim e começa a fazer carinho. O vôinho, ô vôinho”. É pra roubar o velho, pô. É pra roubar. Tem idoso aí que é refém de filho, refém de netos. Tá trancado num quarto lá atrás ou está em um asilo. E a família brigando pra ficar com o cartão da aposentadoria. “Deixa que eu cuido de papai. Deixa que eu cuide de mamãe”. Pra pegar esse cartão, chega lá no final do mês, ou no começo do mês, aí compra o kit enrolação. Um sabonete, um shampoo, uma caixa de fralda. Aí diz: “já cuidei do vovô”. Ah, paciência. Essa é a linguagem, meu filho, que a gente fala lá. E se não for assim, as pessoas que me assistem, elas não entendem. Aí vira confusão. “Ah, ele é homofóbico. Ah, ele é misógino. Ah, ele é…” É tanto do apelido que eu ganhei, é tanto termo, mas a gente sabe quem é que está por trás. Massa de manobra. São usados como massa de manobra. Quando a gente começou a buscar os perfis de quem tava me acusando, falando mal de mim, e cada coisa absurda, vocês não têm ideia, falando mal de mim, a gente ia olhar pro perfil. Ah, meu Deus, já sei. Ele era filiado a um partido. Sabe? Ele era sensível a um partido. Ele era chegado a um partido. Não era a ideologia do cara, não. Não era a sexualidade. Não, não, não. Era briga partidária.

Você já foi cortador de cana, balconista de loja, e diz que era preguiçoso. O que mudou em você? A disposição ou a necessidade?

A necessidade. Preguiçosos eu continuo sendo.

 

Você ficou conhecido por dizer que os maconheiros iam morrer. Mas, logo em seguida, foi você quem teve o infarto. Será que isso foi o universo te dando um recado?

Nada, é praga de maconheiro mesmo.

 

A quem o senhor acha que está servindo com esse tipo de discurso? Ao seu público fiel? Ou ao seu próprio ego inflamado?

Ao público, ao público. O público adora se divertir comigo. O povo gosta e eu acho engraçado. A resposta vem ao te ver nas ruas. E agora com maior facilidade na internet. O que tem de cortes no programa aí, que eu fiz em outros canais, que eu faço hoje, sabe? Programas velhos, antigos, e o pessoal continua replicando. E acho engraçado. É a minha forma de ser. Aquele é o Sikêra.

Sua própria família duvidava do seu futuro como comunicador. Hoje, com tanta gente te ouvindo e também te processando, você diria que eles estavam certos em se preocupar?

Totalmente certos, porque meu pai e minha mãe não queriam que eu seguisse essa carreira, que na época era rádio, que não era emprego sério, que não era trabalho de gente séria. Queriam que eu estudasse, só que depois de ser reprovado uma vez na sexta série e sete vezes na sétima, a família chegou à conclusão que eu não ia trazer diploma para casa de forma nenhuma.

Você fez a sétima série sete vezes. Em algum ponto achou que nunca ia dar certo na vida?

Eu nunca acreditei em mim. O povo não acreditava, imagina eu. Lá na minha cidade mesmo, nenhuma moça queria namorar comigo. As mães das meninas chegavam pra minha mãe e diziam: “ó, eu não quero teu filho junto com a minha filha, porque ele não tem futuro, ele não estuda, ele não faz nada”. E eu só queria saber de ensaiar a minha banda. Eu tinha uma banda de rock, chamada Manicômio. Eu nunca gostei de futebol, porque lá no interior assim, ou você aprende a tomar cachaça ou jogar bola. Eu não sabia nenhum dos dois, então  me envolvi nessa história de fazer rock.

 

Morou na rua? Fez bico em área comunitária só para ter onde dormir? O Sikêra que dormia no chão, sonhava com fama ou só com colchão seco?

Morei na rua, fiz bico. Eu sonhava com sobrevivência, em ter meus filhos numa casa própria que eu não tinha, em ter a geladeira cheia. Era o sonho de qualquer brasileiro. Primeiro o teto, depois o alimento. Por isso que, por tudo isso, não me arrependo não. Passaria tudo de novo.

 

Você diz que seu casamento é blindado por Deus e está com a mesma mulher há 23 anos. Como esse casamento de fé convive com um personagem explosivo que aparece na TV?

É porque quando eu chego em casa, eu tiro o coração do apresentador e coloco em uma pasta, coloco em uma mochila. Quando entro no condomínio, Sikêra fica na rua. É difícil. Mas minha esposa, nesses 23 anos, ela aprendeu e ela faz uma leitura. Ela me vê e já sabe quando eu não estou bem. Aí, chega em mim, tomo logo aqui 45 gotinhas de Rivotril, duas partes para rebater. Pá!

Você se diz apegado à família. Que tipo de legado quer deixar para os seus filhos?

De honestidade. De falar a verdade. Por mais que você vá sofrer na frente. Que você honre seu pai e sua mãe. Respeite seu pai e sua mãe. Você vai ter longos anos aqui na Terra se você cumprir essa lei que é bíblica. Respeitar professor, diretor, coisa que acabou. Deixar de ser mimado. Porque nós estamos numa geração fraca, mimada. Que qualquer coisa faz stories. Qualquer coisa reclama. Qualquer coisa tem que mostrar para alguém. Qualquer coisa procura um psicólogo. Qualquer coisa procura um psiquiatra. Uma geração muito fraca, muito mimada.

Mas você não mima os seus filhos.

Mimo, mimo, e ensino a eles o que é certo e o que é errado. E não é um chororô qualquer que me convença. Eu tenho a voz masculina, a presença masculina, de dizer “Opa! O que que é isso? O que que é isso? Respeito sua mãe”. Quando ele quer falar um pouquinho mais alto, quem põe a voz sou eu. Talvez o que tá faltando nas casas dos brasileiros é a presença masculina, a presença do pai. E lá estou eu pra dizer: “o que que é isso? Não é assim não. Não funciona aqui não”. Enquanto eu tiver vivo, quem manda sou eu. E há esse respeito. Ao acordar, “bença,  meu pai”. Pra dormir, “bença, meu pai”, “bença, minha mãe”. Essa é a regra.

 

Você passou mal e quase morreu em 2023. Com suspeita de meningite bacteriana. Como foi essa experiência de quase morte?

Foi terrível, terrível. Eu tinha acabado de fazer uma viagem, e inventei de mergulhar num tanque. Meu sonho era mergulhar com um tubarão aí, aconteceu, e disseram que a temperatura tava abaixo de zero, disseram que depois que não era isso. Eu não entendi até hoje porquê, cheguei com uma dor de ouvido, doença que não passava, e todo mundo: “ah, é viagem de avião, uma pressão”. Só que eu foi ficando insuportável. Eu baixei do hospital, fui entubado nove dias. Nove dias entubado. E não reconhecia mais ninguém ao meu redor. E minha esposa já tinha recebido uma informação do médico dizendo: “não espere muita coisa não. Não espere não que a probabilidade é muito pequena dele voltar”. Mas Deus é maior, Jesus Cristo é maior.

 

O que tem a falar sobre o fato da sua própria esposa dizer que na última internação você foi sedado para não fugir do hospital?

Porque eu já fugi do hospital oito vezes, eu tenho pavor do hospital, eu tenho pânico do hospital. Quando eu vejo o médico, quando eu vejo médico, enfermeira, eu tenho pânico. Já é o oitavo hospital que eu fujo e já fugi na mesa da cirurgia, pronto para ser anestesiado. Quando o médico falou: “olha, estou esperando só o seu plano autorizar, o plano de saúde autorizar, que a gente vai ter que fazer uma cirurgia”. E eu vi a moça, a instrumentadora, separando as peças lá, os bisturis. Aí eu resolvi fugir do hospital e fui pego no estacionamento. Outra vez eu fui fazer uma ressonância e eu perguntei para o cara que me viu, eu disse: “irmão, seja honesto, o que você viu aí é coisa para cirurgia?”. Ele disse: “não posso falar não, mas como sou seu fã, vou falar. É caso de cirurgia. Aí eu disse: “como é que eu saio daqui sem ninguém me ver?” Aí eu fugi de novo. Fugi do hospital em Recife, fugi do hospital de João Pessoa, fugi em Maceió. O último foi terrível, porque eu arranquei o acesso, né? Eu arranquei, porque eu fugi com uma mangueira. A enfermeira disse: “ei, deixa o acesso”. Eu joguei tudo, melei tudo de sangue lá. E a última vez, teve uma última vez também que eu fugi também, que eu estava com aquela mangueira, sabe, aquela sonda, né? E eu fui para o banheiro escondido e consegui puxar aquela mangueira todinha, que eu não imaginei que era tão longa, ela é muito longa. E eu fui puxando, puxando, puxando, puxando, puxando e tentei sair pela janela, mas quando eu fui ver a janela era muito alta, eu ia morrer.

Alguns chamam de sensacionalismo, outros de popularesco. E você? Como define o jornalismo que você apresenta?

Eu tenho que entregar um programa sensacional todos os dias. A briga tá aí. A briga tá aí. Internet tá aí. Todo dia lançam um garoto novo aí, com esperteza, inteligência, bonito, faturando milhões. É uma briga. São os streams da vida. São os youtubers da vida. É o TikTok da vida. É o Instagram. Então eu tenho que entregar um programa sensacional. Tenho que fazer das tripas coração. Eu solto o pulo, brinco, tenho um elenco que me ajuda. 80% do programa são os meninos que me ajudam. A briga é ferrenha. A gente tá na era internet.

 

Nas emissoras por onde passou, o público sempre o prestigiou.  Qual o segredo para manter a audiência engajada diariamente?

Honestidade. Olhar no olho do povo e dizer o que ele pensa. Dizer o que ele quer ouvir. E que lamentavelmente o circo está apertando, apertando e ninguém está percebendo isso. Nós estamos sendo aos poucos cerceados, sabe? E estão achando bonito. Eu quero ver até quando vocês vão achar bonito. Hoje já não se fala o que pensa. Não se passa para o grande público o que o povo, a maioria, está passando. É aquela rua que está sem água. É aquela rua que está sem energia elétrica nos postes. É aquela rua que está sem saneamento. Esse circo está fechando. Daqui a pouco a gente vai dizer que está tudo lindo. “Tá tudo maravilhoso. Oh, que país belo. Aqui é bom”.

 

Há algum caso, reportagem específica, que você cobriu e que te impactou profundamente? Seja positiva ou negativamente.

Tem tantas, tem tantas. Eu estava em Maceió e um rapaz resolveu pular da ponte. Ele queria tirar a própria vida porque a esposa tinha deixado ele, enfim. Mas a gente vai aprendendo nesse meio que quando o cara quer pular, ele não espera ninguém. Ele pula. Ele não dá tempo de fazer carta. Ele não espera a imprensa. Ele não espera a polícia, ele não espera a plateia, ele pula. Mas eu ia passando, uma hora vi, como qualquer curioso, uma besteira da minha vida. Eu recrimino as pessoas, mas já fiz isso muitas vezes. “O que é isso aqui? O que aconteceu aqui?”. “O cara quer pular da ponte ali”. Lá vou eu. Quando eu encostei, o cara disse: “Sikêra, me ajude”. Pronto, agora deu certo. Aí o coronel do Corpo Bombeiros, na época era Major, coronel disse:  “vá se aproximando”. Eu digo: “é pra eu fazer o que?” “Agarre ele, agarre ele”. Eu disse: “se eu agarrar ele, ele  puxa nós dois, vai morrer nós dois?”. Ele disse: “não, vai não. Eu passo o laço aqui”. Aí eu comecei, sentei no chão, me estirei a mão de areia, para poder criar uma aflição, porque eu estava muito nervoso. Aí, no três, eu me agarrei com ele, o Major agarrou comigo. E nesse dia, meu irmão, eu chorei feito pequeno. Eu chorava muito, muito, muito. Eu voltei pra casa, só Deus sabe. Eu deixei a moto no posto e saí feito um doido pedindo carona. Então, essa marcou. Eu saí feito um doido.

Por que atacou a Xuxa e associou o nome dela à travessura e suruba infantil?

Porque ela começou primeiro. Essa senhora está mal assessorada. Quem mais denuncia abusos na televisão brasileira está aqui, sou eu, Sikêra Júnior. Teve uma situação onde um sujeito estava fazendo sexo com um animal, com um cavalo, uma régua, não sei, na época. E a mulher desse cara estava desconfiada que isso vinha acontecendo. E flagrou, marcou, ficou esperando, pegou a câmera no celular e flagrou essa situação triste. Eu denunciei. Lá no meu elenco, nós temos um cara que a gente chama de Coringa. E ele ri por tudo. Qualquer coisa ele ri. Mas aí ninguém segura. Quantas vezes eu fui obrigado a tirá-lo do estúdio, porque ele não segura. Ele virou atração. A cena a seguir, depois dessa cena que ela flagrou o marido fazendo sexo com o animal, qual foi a segunda cena? Ela batendo no marido, chicote no marido. Só que recortaram a cena do cara fazendo sexo com o animal, e começaram uma campanha linda [ironia], só artistas da Globo. “Zofilia não é piada, é crime”. Aí entrou Dona Maria [Xuxa], entrou a outra que diz que é protetora do animal. Um cara, ligado a Dona Maria, fez este time, fez este conjunto. Reuniu a turma, a turma dela. Homem, eu nunca vi um negócio rodar tanto da minha vida, e todo picotado. Aí, veio pra cima de mim, né? A Dona Maria veio pra cima de mim, ela é uma senhora que eu tenho maior respeito por ela, e queria dizer a ela que o meu sonho era ser Paquito, na época. Essa senhora faz um vídeo falando mal de mim. Eu procurei o que? A minha defesa, do meu jeito, e disse tudo aquilo que já está no processo. Todo mundo acompanhou, virou manchete. Tá no processo. Já teve duas audiências, acho que duas ou três audiências. E vamos ver o que é que vai dar. Eu só digo uma coisa, ela tá mal assessorada. Eu sempre disse isso, ela está mal assessorada. É lamentável. Essa senhora está mal assessorada. Por quê? A pessoa que chegou a um ponto, a idade, e está dando comida para morcego, daí dá pra você esperar mais o que?

 

Tome tranquilo, sabendo que suas palavras podem alimentar ódio e até incentivar crimes. Eu incentivar crimes? Como? Eu incentivar crimes? O que é que tem no seu papo? Ou pelo contrário, eu digo que o seu cara que cometeu crime, ele vai pra cadeia. Se ele cometer crime, muitas vezes não dá tempo pra ir pra cadeia, que ele morre. Porque existem hoje os grupos aí, o grupo dos crimes organizados, eles têm o próprio julgamento, eles têm o tribunal do crime. Não, não, você tá confundindo as bolas aí. Ou pelo contrário, é o que eu digo. Olha, moçada, olha o resultado aí. Quando aparece um cara amarrado e com um bilhete lá da facção tal, dizendo, tá aqui, morreu porque é isso. Eu digo, é isso que você quer pra você? É isso que você quer pra você? É esse fim que você quer? Vai estudar, rapaz. Vai procurar um serviço, uma obrigação, rapaz. Vai fazer um curso técnico. A mãe e o pai, quando me encontram no restaurante, dizem, seus queiram, gostam tanto de estudar aquele conselho. E sabe por quê? Porque na maioria das vezes o pai tá ausente. Olha, o pai fugiu no jogo da Alemanha, do Brasil, do 7x0. Olha, foi ali comprar cigarro, nunca voltou. Hoje eu sou a voz do pai ausente. Sou eu que dou as broncas. Sou eu que entro na casa do brasileiro dizendo aí. Olha, respeita a tua mãe, como eu faço com o meu filho de 17 anos. Respeita a tua mãe, viu?

Agora, por que disseminou desinformação sobre as vacinas durante a pandemia?

Eu disseminei desinformação? Ô amigo, foi comprovável que aquilo ali e nada é a mesma coisa. Começou a matar as pessoas. Por que a Anvisa suspendeu? Por que a Anvisa mudou a opinião? Passamos dois anos usando máscara. Depois vem a USP dizendo: “olha, realmente a máscara faz mal. Você está segurando o vírus. Não serve de nada”. Nós fomos enganados, mundo. Mas queriam uma narrativa. Eles queriam o que? O mote, a gente chama de mote lá no interior. Queriam criar uma narrativa pra dizer assim: “tá vendo? Não comprou, a culpa é a sua culpa. E foram montando os consórcios do Nordeste que compraram respirador de porco, que não funcionava, que entregaram. Compraram respiradores em casa de vinho. Manaus chegou a faltar oxigênio. As empresas que tinham lá disseram: “olha, não tem mais como, a gente não dá conta, está faltando oxigênio”. Se não fosse os artistas que fizessem uma grande corrente. Luciano Hang, o Luciano Huck. Acho que o Luciano Huck nem mandou nada, só fez conversa. O Whindersson Nunes, acho que o Tirullipa, eles saíram unindo forças pra mandar oxigênio lá pra Manaus. Porque se dependesse da... Eu vou parar por aqui.

 

Como se sente tendo colaborado com o caos em Manaus, onde morreu gente sem oxigênio?

Eu colaborado com o caos? Oi, irmão, que po*** foi essa? Eu colaborei com o caos? Pelo contrário, quem mostrava o mapa de sobreviventes era eu. Enquanto as emissoras de televisão mostravam: “morreram mais 200, morreram mais 500”, o pessoal fazia imagem de drone no cemitério, mostrando as covas abertas. E eu tenho registro lá de gente que foi enterrada por Covid, quando tinha sido decapitada, que tinha sido morta pelo comando. “Não, foi Covid, foi Covid”, porque dava dinheiro. Agora, eu disseminado? Eu criei o vírus agora? Pelo contrário, eu botava o mapa no telão e dizia: “gente, ó, graças a Deus, já voltou pra casa no Espírito Santo, 150 pessoas. Aqui em Salvador, mil pessoas. Pessoas recuperadas”. Tanto que eu ganhei a maior audiência na época, aqui em São Paulo mesmo. Pega o Ibope na época,  que eu não confio não, mas pega lá. Eu não gosto de Ibope, eu não acompanho. Mas pega lá no Ibope. Qual foi a pontuação nossa em São Paulo? Porque a gente levava a notícia boa. Enquanto queriam só a desgraça, plantar a desgraça, porque o interesse era político. E eu mostrando o mapa, verde e amarelo, coisa mais linda, pessoas se recuperando. E as pessoas me agradecendo, ligando no ar, ao vivo, mandando mensagem, dizendo: “meu pai voltou pra casa, Sikêra. Minha mãe voltou pra casa. Eu tava desacreditado”. Mas ninguém na imprensa na época fez isso. Só dizia assim: “hoje morreu um milhão duzentos e cinquenta mil pessoas. Hoje morreu mais não sei quanto.  E o povo doido, trancado em casa. Gente estocando comida, parecendo guerra. Gente estocando água. “Fica em casa, a economia a gente tem depois. Mas não deixe de assistir o Big Brother”. Ah, vai à merda.

Quando a Covid finalmente te pegou. Você disse que se arrependia do que tinha feito. Foi arrependimento mesmo ou busca por redenção?

A redenção não, meu amigo. Eu não imaginei a força que o Covid tinha. Eu sou a prova viva que me recuperei. Quantas pessoas se recuperaram e a imprensa não dizia, só falava dos mortos. Eu sou um exemplo de vida. Eu sou uma bênção de Deus, de Jesus Cristo, que eu sobrevivi. Agora, era uma doença desconhecida, era um vírus desconhecido. Quem estava sendo entubado estava morrendo na época. Os hospitais superlotaram. Houve um desespero em massa. E eu nunca subestimei, não. Nunca. Agora, não imaginei que eu ia sofrer tanto. Eu nunca imaginei. Quem é que imagina que vai sofrer? Eu só imagino que vai estar bem. Quando terminou, e quando eu fiquei bem, eu  fui para a televisão e disse isso. Ser homem é isso. Dizer assim: “ó, realmente, eu sei o que é que vocês passaram agora na pele, eu passei. Quem ia morrer era eu”.

 

Você perdeu 37 anunciantes, será que o problema é com os anunciantes ou com o senhor?

Não, não, foi justamente a massinha de manobra que começou a ir nos meus anunciantes e o anunciante não entendeu a jogada. Vou tentar ser o mais simples possível. Imagine que lá em Manaus tem um supermercado, só tem um, um supermercado. Aí tu mora aqui em São Paulo e tu vai na rede social do supermercado dizendo assim: nunca mais eu entro aí” ou “minha mãe já não vai mais aí, só porque vocês apoiam esse…” aí me chamavam de todo tipo de nome. Imagine só, apenas um supermercado em Manaus e o cara aqui de São Paulo, Rio de Janeiro dizendo que não entra mais. Pra provar isso pro cliente, eu disse: “esse cliente não compra de você, nem vai comprar nunca. Ele não é daqui, ele tá sendo usado como massa de manobra, massinha de manobra”. Então foram vários, não foi um, foram 200 manobrinhas, 200 personagens que foram na onda de um grupo político indo na página do cliente dizendo: “não compro mais aí, vocês promovem, anunciam no programa desse cara, ele é isso, é aquilo”. Nenhum cliente, nenhuma agência de propaganda quer ficar nesse fogo cruzado. Ou ele abaixa ou ele sai. Tive uma reunião com meus clientes, eles disseram: “Sikêra, a gente precisa dar um tempo”. Eu passei um perrengue danado, um perrengue, olha, foi um perrengue que só Deus sabe. Mas Deus é tão bom, tão poderoso, olha como é lindo, olha como Jesus é bom, eu recuperei o dobro da clientela que eu tenho hoje, daquela época, eu tenho o dobro da clientela. E hoje eu tenho anunciantes em todo o Brasil. Uma hora a verdade aparece, você pode, se você tem, ó, daquela história que contou uma mentira sobre você, não ligue não, não é mentira? Se alguém contar uma mentira sobre você, rapaz, você não tá inventando mentira sobre mim. É verdade? É mentira? Então deixa ele contar. Um dia a máscara dele cai. E eu tô aqui, sobrevivendo, 6 anos de emissora, renovei o contrato por mais 5, por mais 5 anos. Meus patrocínios, na época, eu consegui dobrar, dobrar, eu tenho fila de espera, graças a Deus. Eu tenho, sabe quantos merchandising por dia? É só assistir no YouTube. Eu tenho 12, 13 merchans por dia que eu tenho que pegar no produto, fora os breaks. Sabe quanto é que tem um break no meu programa? O tempo de break? 7, 8 minutos. Eu vou reclamar? Eu vou agradecer, rapaz. Essas pessoas más que fizeram isso, só desejo uma coisa, luz divina. Jesus vai clarear a mente delas, ou elas vão achar o caminho da luz.

Você já foi condenado por homofobia, misoginia, racismo e desinformação. Tem mais algum tipo de processo a conquistar?

Rapaz... Eu peço a Deus que não, eu torço a Deus que não. Eu tive que dobrar a quantidade de advogados para poder dar conta de tudo isso. Acordo ali, acordo aqui. Daqui por diante eu tô muito em paz. Primeiro que eu aprendi, né? Uma hora você aprende, você envelhece, você amadurece. Então, acho que houve tempo suficiente pra dizer: “Sikêra, o caminho é esse, vamos resolver essas broncas aqui. Vamos amenizar, se puder, e vamos seguir a vida, tentando levar o melhor pra criançada e pra moçada que tá aí. Mas vou continuar fazendo o meu papel até ter saúde e emprego.

“No Alvo” é exibido toda segunda-feira, às 23h15 (horário de Brasília), no SBT e no +SBT.

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