Jorge Aragão celebra 50 anos de carreira no 'Som Brasil'

Foto: Globo/Manoella Mello

Com uma carreira marcada por poesia, talento e uma contribuição fundamental ao samba, Jorge Aragão é o homenageado da próxima edição do Som Brasil, que vai ao ar na TV Globo no dia 8 de julho. Apresentado por Pedro Bial, o especial faz um mergulho na trajetória do cantor e compositor que, aos 76 anos, celebra 50 anos de dedicação à música brasileira. Gravado em uma noite de outono no Armazém da Utopia, espaço cultural localizado na Zona Portuária do Rio de Janeiro, o programa reúne grandes nomes, como Alcione, Zeca Pagodinho, Djonga e o grupo Fundo de Quintal, em apresentações que celebram o legado de Jorge Aragão.

Diante de uma plateia com mais de 350 pessoas e sob um cenário iluminado com elementos que evocam a atmosfera do samba, o artista divide o palco com nomes que reverenciam sua história e emociona ao refletir sobre sua caminhada. “Estou tendo a honra de poder estar aqui hoje. Enquanto compositor, eu me coloco como parte de uma árvore em que estamos eu e todo mundo que nasceu comigo. Só que eu estou percebendo que essa madeira está envelhecendo. A minha casca ainda está agarrada nessa árvore e eu estou aqui podendo contar essa história”, diz Jorge, que completa: “Como é bom olhar minha trajetória e saber que, como compositor, tenho essa felicidade de cantar músicas de anos atrás e vocês estarem junto comigo. Não tem preço isso, não”.

Na conversa com o apresentador, Aragão compartilha histórias marcantes de sua vida e carreira. Do início na música, na década de 1970, e o alcance da projeção nacional ao integrar o grupo Fundo de Quintal, do qual foi um dos fundadores, e o seguimento como cantor solo. Com sua marcante assinatura como compositor, ajudou a consolidar um novo formato do samba, que mesclava instrumentos tradicionais com novos elementos – como o banjo com braço de cavaquinho, o tantã e o repique de mão –, transformando o gênero ao dar origem ao samba de pagode.

Apesar de hoje ser uma figura marcante nesse gênero, Jorge lembra que sua iniciação na música aconteceu tocando em bailes e casas noturnas onde o rock predominava. “Minha mãe não me deixava participar de escola de samba. O que eu ouvia era o vento que trazia o som da Mocidade Independente. Eu ficava com aquilo, mas nunca conseguia chegar perto, só quando eu pisei no bloco Cacique de Ramos. Tudo aquilo que eu trazia de ser um solista de banda de bairro comecei a transferir para um ambiente de samba. E percebi que tudo podia virar samba”, conta na entrevista.

Pedro Bial ressalta a dimensão do artista homenageado e a importância do especial: “Eu acho que esse ‘Som Brasil’ é especialmente notável por abraçar e abarcar o tamanho do Jorge na música e na poesia brasileira, justificando a importância dele que se compara aos maiores sambistas de todos os tempos”. O apresentador ainda comenta uma descoberta feita durante a entrevista: “Me surpreendeu que ele começa pela melodia e não pela letra; que a partir da melodia ele vai buscando, às vezes por anos, até encontrar as melhores palavras que se encaixam ali”.

O programa conta ainda com performances de alguns de seus maiores sucessos, entre eles “Malandro”, “Coisinha do Pai” e “Coisa de Pele”, além dos números em que recebe as participações especiais de artistas que são parte de sua história, e que reverenciam sua inegável influência na música brasileira. Durante a atração, Jorge também resgata histórias com outros colegas de profissão, como Beth Carvalho, Dona Ivone Lara e Elza Soares, que cruzaram seu caminho na música. Detalhes da vida íntima, como o enfrentamento de doenças recentes, a relação com o noticiário e memórias do passado também entram na pauta da entrevista.

Foto: Globo/Manoella Mello

Som Brasil apresenta: Jorge Aragão tem direção artística de Gian Carlo Bellotti, produção de Anelise Franco e direção de gênero de Monica Almeida. O especial vai ao ar depois de O Século da Globo.

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