Em um episódio que vem causando frustração entre os fãs de novelas, especialmente os admiradores de Viver a Vida — exibida originalmente em 2009 na faixa das 21h — veio à tona que a Globo aparentemente perdeu trechos importantes de um dos capítulos da trama escrita por Manoel Carlos. Mais surpreendente ainda: mesmo após um fã ter montado uma versão mais completa com o que restou disponível de gravações e oferecido à emissora, o material não foi aceito para inclusão no Globoplay.
A revelação foi feita pelo usuário Naan Prevost, conhecido por seu trabalho de preservação e resgate de obras televisivas. Segundo ele, o capítulo perdido foi cuidadosamente remontado a partir de gravações disponíveis de diferentes fontes e editado com qualidade. A nova versão foi oferecida ao Globoplay, mas até o momento não houve qualquer resposta ou aceitação por parte da plataforma de streaming.
A situação gerou indignação entre telespectadores. Um dos comentários mais repercutidos foi do internauta David Denis Lobão, que escreveu:
"Isso eu não entendo, o Naan achou o capítulo, editou, avisou a @globoplay e nada mudou.#Globoplay"
Outros fãs também demonstraram frustração:
"A novela é relativamente recente! Não é possível que um arquivo desses se perca em tão pouco tempo", escreveu uma usuária em resposta.
"É desrespeitoso com o público. A Globo deveria ter o cuidado mínimo de restaurar o conteúdo que ela mesma produziu", publicou outro perfil.
Viver a Vida: marco na teledramaturgia brasileira
A novela Viver a Vida foi escrita por Manoel Carlos e exibida pela TV Globo entre setembro de 2009 e maio de 2010, substituindo Caminho das Índias e sendo sucedida por Passione. Novela de Manoel Carlos, seguiu sua tradição de nomear protagonistas femininas com o nome "Helena" — neste caso, interpretada por Taís Araújo, a primeira atriz negra a protagonizar uma novela das 21h.
A trama abordava temas sensíveis como superação, deficiência física, responsabilidade emocional e relações familiares. Um dos marcos da novela foi a personagem Luciana (Alinne Moraes), uma modelo que fica tetraplégica após um acidente, levantando importantes discussões sobre acessibilidade, inclusão e reabilitação.
A novela, por seu impacto emocional e social, permanece viva na memória de muitos brasileiros e é constantemente relembrada em fóruns, vídeos e redes sociais. Por isso, a falha em preservar corretamente seus capítulos — especialmente se tratando de uma obra relativamente recente — causa ainda mais estranhamento.
A memória da teledramaturgia pede respeito
A ausência de trechos completos no Globoplay, que tem se proposto a ser o grande acervo digital das novelas brasileiras, coloca em xeque o cuidado da emissora com seu próprio legado. Ainda mais preocupante é a recusa de um material reconstruído com esforço e paixão por um fã — que ofereceu gratuitamente uma solução para um problema que muitos sequer sabiam existir.
Até o momento, a Globo e o Globoplay não se pronunciaram oficialmente sobre a perda dos trechos ou a recusa da versão oferecida. Enquanto isso, quem perde é o público e a memória da teledramaturgia nacional.
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